Dream News (DN) – Como e quando surgiu a ideia para criar o Colégio Reino do Alão?
Tânia Diogo (TD) – Diria que enquanto tirava a formação em Educação de Infância, existia um lado romântico que me fazia pensar naquilo que seria um espaço respeitador para as crianças. Pensava muitas vezes na oportunidade de ter uma escola e desenhá-la à imagem daquilo que acredito enquanto base de educação. O colégio não foi criado por mim, mas foi sendo recriado, transformado e adaptado na sua essência! Trabalhei no colégio como educadora de infância e em dado momento, a direção quis terminar o projeto, nesse momento, pensámos que podia ser uma oportunidade para colocar em prática os valores escolares que defendemos. Muito encorajada pelo meu marido, decidimos então começar do zero numa área, em que apesar de ser a base da minha formação, em termos do negócio em si, era desconhecida para nós. Começou por ser um projeto e um negócio de amor e paixão.
DN – Foi um sonho que se concretizou?
TD – Sim, acho que os sonhos se vão transformando ao longo da nossa vida! Foi muito gratificante passar por todos os processos até hoje. As conquistas, os sucessos e insucessos. O trabalho com a equipa. A aprendizagem que retiramos do desafio que é manter um negócio de emoções. Naquele momento foi realmente um sonho que concretizamos e que encaramos como uma missão social.
DN – Qual é o balanço que faz da existência do Colégio até à data de hoje?
TD – O balanço é positivo, apesar das dificuldades, sobretudo as de gestão do negócio em si. No que toca à visão da nossa escola, isto é, quando começámos sabíamos que ao fim de X tempo queríamos ser a escola que é conhecida pela sua própria identidade. Aprendemos muito, crescemos a vários níveis, não só em dimensão como, e principalmente em maturidade. Para mim é muito importante mantermo-nos fiéis aos nossos valores. Conseguimos ao fim de 13 anos perceber exatamente o que queremos enquanto instituição. Estamos mais preparados para resolver problemas e mais conscientes do que nos move.
DN – Quais são as valências e mais valias do Colégio Reino do Alão?
TD – O colégio recebe crianças desde os quatro meses aos seis anos (creche e jardim de infância). Diria que a mais valia da nossa escola é a forma como cada vez mais, nos preocupamos menos com os egos dos adultos. Somos nós quem passa a maioria do tempo com as crianças e, portanto, o trabalho tem de ser direcionado para elas. Claro que, cada criança traz a sua bagagem (família, vivências) e isso é a sua história, mas centrar a nossa ação em torno da criança acho que é realmente o que nos distingue. Ter um clima respeitador de toda a comunidade escolar é para nós uma grande mais valia. Existem planos anuais, projetos, orientações, existem coisas a cumprir, mas no meio dessas obrigatoriedades, não podemos nunca esquecer o próprio ritmo dos grupos e das crianças. Não há dias iguais, portanto para nós o mais importante é a flexibilidade e capacidade para respeitar o ritmo da criança. Temos vindo a aprender a viver em “slow education”, é um termo que ainda não existe cientificamente, mas que na nossa escola e nas nossas equipas faz sentido. Claro que, sempre atentos a questões de desenvolvimento infantil. O que não quero para a nossa escola é sentir um ritmo acelerado, com uma agenda preenchida de momentos que atropelam o ser da criança.

DN – O Colégio tem capacidade para acolher quantas crianças e quais são as faixas etárias das
mesmas?
TD – O colégio tem capacidade para acolher 111 crianças, 66 em creche e 45 em jardim de infância.
DN – Trata-se de um espaço de excelência, onde os pais podem deixar os filhos em plena segurança e com o máximo apoio? O Colégio Reino do Alão conta com quantos colaboradores?
TD – Gosto de manter uma postura humilde em relação à excelência, tenho vindo a aprender que nesta área é cada vez mais importante ter famílias alinhadas com a nossa forma de estar na educação. Mas os pais podem seguramente ficar descansados em relação à segurança do seu filho. Segurança emocional, segurança física em geral, sim! A nossa equipa está em constante formação para nos sentirmos o mais preparados e atualizados possível. O apoio é cada vez mais consciente. Somos uma equipa comprometida em acompanhar o desenvolvimento da criança, o nosso trabalho não acaba ao fim da jornada diária. É intenso demais para nos distanciarmos. Há um compromisso, um genuíno interesse em passar a melhor experiência a cada criança. Neste momento somos uma equipa composta por 28 pessoas. Temos salas em que inclusive, temos um rácio de adulto/criança superior ao legalmente exigido. Para nós, a par do bem-estar das crianças tem e estar o bem-estar da equipa.
DN – O que ambiciona para o colégio para os próximos tempos?
TD – Neste momento, a maior ambição que podemos ter é realmente manter uma sintonia com as famílias e colaboradores que nos procuram. É muito importante as famílias saberem o que a escola tem para oferecer e vice-versa. Tem de existir um alinhamento do que se quer para a criança. Apesar da necessidade de as famílias ser o conciliar a vida profissional com a vida familiar, e, portanto, muitas vezes aquilo que procuram é um espaço onde possam deixar as crianças, a convicção de que estamos todos alinhados na forma de ser educadores é muito importante. Criar mais e melhores condições para a equipa é também uma meta diária para nós, pois é importante que também ela esteja alinhada connosco.
O colégio recebe crianças desde os quatro meses aos seis anos. Diria que a mais valia da nossa escola é a forma como cada vez mais, nos preocupamos menos com os egos dos adultos.
Tânia Diogo
Somos nós quem passa a maioria do tempo com as crianças.
DN – O seu espírito empreendedor faz com que seja uma pessoa que gosta de desafios?
TD – O empreendedorismo mete-nos à prova em muitas áreas da nossa vida. Surgem desafios em todas as frentes, os profissionais, os sociais e pessoais. Sinto que é importante também enquanto empreendedor que se comece a selecionar os desafios que estamos dispostos a viver. Ser empreendedor é muitas vezes, não ser compreendido com os nossos propósitos, mas sinto-me cada vez mais segura para tornar os desafios em algo enriquecedor, seja para mim seja para quem me ajuda a superar esses desafios. Um empreendedor nem sempre está com coragem ou motivação e por isso cada vez mais reconheço a importância de se ter pessoas certas ao nosso lado, que acreditem nos projetos tanto quanto o empreendedor.
DN – Para si, o sonho comanda a vida?
TD – Acredito muito que sim! Os sonhos direcionam as nossas escolhas e as nossas decisões, dão-nos um propósito. Há ainda se calhar uma ideia de que os sonhos têm de ser “muito grandes” para serem válidos, quase que inatingíveis, mas discordo totalmente, a vida é feita de sonhos sejam eles de que tamanho forem.