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Marta Maçarico concretiza o sonho de noivos através da experiência “Noivos na Oficina”

Marta Maçarico é uma jovem sonhadora e empreendedora que apostou a sua formação na área da Joalharia, Conservação e Restauro. Ao longo dos anos tem desenvolvido inúmeras iniciativas… Uma das experiências que mais se destaca é os “Noivos na Oficina”, em que os mesmo com a ajuda da Marta Maçarico produzem as próprias alianças para o casamento…

Dream News (DN) – O que a moveu para se formar na área de Joalharia, Conservação e Restauro?

Marta Maçarico (MM) – Embora tenha iniciado a minha formação em Ourivesaria, foi a Conservação e o Restauro que verdadeiramente me impulsionaram a seguir um percurso ligado às artes. Ao contrário de muitos dos meus colegas, sempre soube, desde muito nova, qual seria o meu caminho. Cresci numa aldeia, longe de muitos recursos, e era uma criança sonhadora, que valorizava profundamente as histórias que lhe eram contadas – especialmente aquelas com um significado especial para mim. Os fins de semana e as férias eram momentos de descoberta: saía da rotina, visitava novos mundos e criava histórias que mereciam ser eternizadas. Essas experiências permitiram-me crescer para além dos limites do pequeno lugar onde vivia. A admiração por alguém pode marcar profundamente uma criança – no meu caso, essa pessoa foi a minha avó. Quando a visitava, encantava-me vê-la colocar as suas joias em frente ao espelho e como, de uma forma muito subtil, conseguia carregar as memórias e os valores familiares. Hoje, acredito que foi essa admiração, e o desejo de preservar e valorizar essas peças, que me inspiraram a seguir o caminho da ourivesaria.

DN – Qual é a área que lhe dá mais prazer?

MM – Ora aí está uma bela questão – e só há uma forma possível de a responder: acredito que ambas as vertentes fazem parte do que metornou na profissional que sou hoje. É precisamente a união entre a Ourivesaria e a Conservação e o Restauro que torna a minha marca diferenciadora no mercado. Confio que a minha missão passa pela criação de joias intemporais, recorrendo a técnicas tradicionais de Restauro. Essa fusão é o que torna cada peça única e especial – e é também o que me faz sentir verdadeiramente realizada no trabalho a que me dedico todos os dias.

Fotos: Aura

DN – Na área do Restauro, que tipo de trabalho realiza e em que espaços?

MM – Na vertente do Restauro, formei-me em conservação do património imóvel, mais propriamente em revestimentos arquitetónicos. Portugal é rico em artes decorativas, mas muitas  muitas vezes passa-nos ao lado toda a beleza que esses pormenores trazem a um edifício. Os revestimentos encontrados em edifícios, como os azulejos, as pinturas e os estuques, constituem um ramo importante nas artes decorativas aplicadas à construção civil. Estes são aplicados em todo o género de construções, desde as mais modestas às mais ricas, devendo o seu uso estar em harmonia com o fim a que se destinam e com as diversas áreas da habitação. Deste modo, devem ser cuidados e preservados para durar o máximo de tempo possível, podendo passar de geração em geração.

DN – Relativamente à Joalharia, sendo um trabalho completamente diferente, como o caracteriza e define?

MM – Acredito que o meu trabalho na área de Ourivesaria é uma forma de preservar memórias e valores através das joias que idealizo e produzo, pretendendo eternizar momentos. O conceito que procuro transmitir a cada pessoa que usa as peças concebidas por mim é que cada joia é única e que, através dela, é possível contar uma história, passando assim de geração em geração.

DN – Que tipo de peças concebe e desenvolve no seu atelier localizado em Torres Vedras?

MM – As peças por mim concebidas são o reflexo de uma inspiração. O toque feminino, as histórias, todos os detalhes refletem com delicadeza a união entre materiais. Hoje em dia, para além da experiência dos “Noivos na Oficina”, dedico-me também aos acessórios de noiva, onde juntas criamos o início de uma história e união de cada família. Adorno cabelos com pentes e toucados que nos lembram campos de flores, vivências simbólicas e inesquecíveis, ou até brincos em forma de parra que nos adoçam a boca como uvas. Cada criação envolve sentimentos ou conta uma história – acessórios intemporais que nos transportam para a infância, embelezam o presente e caminham connosco ao longo de gerações. Os elementos naturais estão sempre presentes nas minhas coleções e, tendo em conta o meu conhecimento em restauro, transporto para a criação destes acessórios várias técnicas únicas e tradicionais que unem, na perfeição, a joalharia e a vertente do restauro, criando peças únicas e completamente personalizáveis!

DN – Para além de criar inúmeras experiências de excelência, também se dedica à produção de alianças para noivos… Como funciona e decorre o processo que define como “Noivos na Oficina”?

 MM – A criação das alianças de casamento é uma experiência repleta de emoção e significado, onde cada etapa reflete o amor e a dedicação de cada casal. Esta ideia surgiu quando planeava o meu casamento, em 2019, e recorri ao ouro de família para fazer as minhas próprias alianças. Para além da parte sentimental que esta matéria carrega ao longo dos anos, o ouro é também um investimento que transcende  gerações. O “Noivos na Oficina” começa no atelier em Torres Vedras, com uma pequena reunião. Com sorrisos e olhares cúmplices, definimos juntos o formato, a espessura e o tamanho perfeito para as alianças dos vossos sonhos. Iniciamos esta experiência com a pesagem do ouro, avaliando a quantidade necessária para a fundição – um momento mágico em que os noivos colocam as “mãos no maçarico”. Ao fim deste processo, um lingote de ouro surge, simbolizando a solidez do amor partilhado. Após laminarmos o metal até alcançar a espessura desejada, recosemos com o maçarico, como cada relacionamento se fortalece e molda através de vivências e histórias. Com cortes precisos no fio, à medida dos dedos, forjamos dois círculos perfeitos. Na bancada, soldamos as extremidades, unindo os pedaços de metal num símbolo inquebrável de união. Ajustes meticulosos são feitos para garantir que as alianças reflitam o que imaginaram, e damos-lhes o brilho como o amor que se reflete nos vossos olhares. Por fim, as gravações – um toque final personalizado que captura a essência única de cada história de amor. Assim, cada aliança não é apenas um anel, mas um testemunho de amor verdadeiro e duradouro. E, ao entregá-las, faço parte de uma história inesquecível que irão para sempre recordar!

O processo da experiência “Noivos na Oficina” demora cerca de seis horas. É um dia inteiro dedicado ao amor, onde os noivos mergulham de coração aberto numa experiência única e inesquecível. Mais do que criar um par de alianças, vivem uma experiência única e inesquecível. 

Marta Maçarico

DN – Os noivos têm possibilidade de criar as alianças para o próprio casamento reutilizando ouro antigo?

MM – Envolver os noivos durante a criação das suas alianças permite construir um novo capítulo da sua história de amor. Passar por toda a experiência, colocando as mãos na obra, gera uma maior ligação emocional com a aliança: os casais fazem a aliança um do outro e podem reutilizar ouro antigo. O brilho no olhar, a sensação de “já estou casado”, o sorriso de orelha a orelha… fazem com que esta experiência se torne única.

DN – O processo demora quanto tempo e qual é a sensação que obtém por parte dos noivos?

MM – O processo completo da experiência “Noivos na Oficina” demora cerca de seis horas. É um dia inteiro dedicado ao amor, onde os noivos mergulham de coração aberto numa experiência única e inesquecível. Mais do que criar um par de alianças, vivem uma experiência única e inesquecível – um momento carregado de emoção, cumplicidade e amor. A reação mais comum? Emoção. Sorrisos largos, abraços cúmplices e uma alegria que transborda. É muito bonito ver como, no fim, não levam apenas alianças, mas também uma memória que será tão eterna quanto o próprio compromisso.

DN – Sente que os noivos estão a aderir cada vez mais à produção das respetivas alianças ou preferem comprar alianças já prontas?

MM – Sinto que existe uma mudança clara no comportamento dos casais. Cada vez mais procuram experiências com significado, e não apenas produtos. Muitos noivos chegam até mim com o desejo de tornar as suas alianças parte ativa da história que estão a construir juntos – e é exatamente isso que o “Noivos na Oficina” proporciona. Embora ainda haja quem opte por comprar alianças já prontas, nota-se uma tendência crescente para escolher o processo artesanal e personalizado. No fundo, os casais querem viver algo que seja só deles. E criar as suas próprias alianças torna tudo ainda mais especial e inesquecível.

DN – As alianças podem ser personalizadas? Que tipo de informação, é colocada pelos noivos nas alianças?

MM – Sim, cada aliança é pensada para ser absolutamente única e refletir a história do casal. A personalização vai muito além do formato ou da textura: os noivos têm total liberdade para deixar a sua marca nas peças. As gravações mais comuns incluem datas importantes, nomes, iniciais, frases simbólicas ou até pequenos códigos e símbolos que só eles entendem.

DN – Sente-se feliz por desenvolver um trabalho inovador e de autor que contribui para a felicidade das pessoas que a procuram?

MM – Sem dúvida! Os agradecimentos e os testemunhos que recebo são a prova de que valeu a pena ter seguido um sonho. Todo o percurso que fiz até agora tem sido guiado pelo coração. Num mundo cada vez mais tecnológico, onde a inteligência artificial ocupa um lugar crescente, aquilo que é genuíno tende a desaparecer, dando origem a uma felicidade construída. Acredito que é ao partilhar experiências, em casal ou em família, que se fortalecem laços verdadeiros. É ao recordar memórias que as tornamos eternas. Esse é o peso de uma herança.

DN – Muitas vezes realiza workshops de joalharia… esta é uma vertente que pretende apostar cada vez mais?

MM – Joalharia e Ourivesaria, apesar de pertencerem a um ramo artístico muito reconhecido, ainda não são áreas de fácil acesso. Existe muita incompreensão por parte do público sobre como as peças são realmente concebidas. Com o desejo de chegar a um público mais jovem, e pela vontade de ser uma “prova” de resiliência, quero inspirar os que me rodeiam a valorizar a manufatura e a história de cada peça.   

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