Tânia Miller
CEO WINGS – Investimentos Imobiliários;
CEO X – The OCR Spot;
Mãe, empresária, esposa e atleta
A sociedade atual atropelou a ideia de mulher inútil que não era mais do que um adereço na casa do senhor, para dar lugar e destaque à super heroína que consegue estar em todas as frentes sem vacilar, sem fraquejar, sem sentir, sempre linda, composta e maravilhosa, pronta para todas as suas mil e uma funções. As super heroínas da atualidade são empresárias ou ocupam cargos de quadros médios ou superiores, são cultas, confiantes, estão em forma, de cabelo arranjado e provavelmente sem rugas. São mães de crianças impecavelmente vestidas e penteadas, esposas fogosas e donas de casa dedicadas. São independentes e autossuficientes. Têm sempre sorriso no rosto e estão sempre prontas para ajudar.
Estas mulheres não existem…
E se existem, têm ou tiveram de escolher em algum momento o que era a prioridade para elas. Não nos iludamos. É humanamente impossível corresponder à ideia que se criou da Mulher de Sucesso atual. E se não é, convenhamos que será necessário um estofo emocional, mental e físico que não tem sido registado ultimamente com grande frequência. Uma mulher consegue fazer muitas coisas em simultâneo, ou pelo menos o seu cérebro está preparado para isso, mas sejamos realistas com isto de ser a Super Mulher. É uma ideia que se vende, mas que não existe, ou é rara, pelo menos. As mulheres que se dizem empoderadas tiveram de fazer escolhas ao longo da sua vida. Algumas lidam com essas escolhas anos depois, muitas choram diariamente quando o pano cai e outras afundam-se em emoções descontroladas, muitas vezes canalizadas para o sítio errado. Ser bem-sucedida, ter um relacionamento saudável, estar presente para os filhos, cuidar da casa e da gestão familiar, cuidar de si mesma e ainda ter vida social é um papel que esmaga a maioria das mulheres e as tem levado à depressão, stress, problemas de saúde, burnout, desilusões amorosas, sentimentos de culpa e a um vazio que não conseguem preencher nunca, ainda que pareça que têm tudo. Os consultórios médicos enchem-se de mulheres que pedem ajuda silenciosamente entre tablet, telefone e portátil. É imperativo que cada uma encontre o seu ponto de equilíbrio. Entre a empresária, esposa, mãe, atleta, amiga, dona de casa, e tantas outras facetas, há uma mulher que conhece as suas capacidades, mas também as suas limitações. Uma mulher que precisa gritar mais alto do que a sociedade, perceber o que é realmente importante para si e aprender a fazer as escolhas certas. As suas. Não as da sociedade, mas as suas.

O que é realmente importante para si, que papel principal quer ter, na sua própria história?
Estabelecer as suas prioridades sem juízos de valor, sem culpas, opiniões ou pressão externa. Só assim as decisões estarão bem estruturadas e independentemente do resultado final dessas mesmas decisões, virá sempre aprendizagem e nunca culpa. Se a leitora ou leitor se identifica ou conhece alguma super heroína, faça questão de a lembrar que está tudo bem, em não estar sempre bem. E que qualquer escolha é certa desde que venha do coração. Até à próxima edição e seja qual for a vossa prioridade, não se esqueçam de que é vossa.